domingo, 27 de maio de 2012

Vamos sorrir devagar Pra ficar feliz por mais tempo.






Eram 09:34 da manhã, de um sábado, mais uma vez eu tinha acordado antes do meu despertador. Que raiva, era uma virada daqui, outra pra lá, travesseiro caindo no chão, cama balançando de 5 em 5 segundos. Calma, não é nada disso que você ta pensando. Era apenas falta de sono, ou talvez excesso de pensamento, tanto faz. Decidi levantar a agilizar minha vida, estava frio e era um típico dia de Outono. As folhas caem e tem aquela brisa gostosa de fim de tarde. Tomei meu banho quente e peguei Aconchego para dar um passeio. Calma, Aconchego era o nome do meu cão. 09:57 da manhã. Dei a volta no parque com Aconchego, ainda me perguntando por quê cargas d’agua eu estava ali sozinho sendo que podia estar dormindo. De longe, pudi ver uma garota sentada no banco sozinha, com fones de ouvido, provavelmente tentando manter seus pensamentos longe dali. Sentei no banco ao seu lado como pretexto para puxar assunto, porém um pouco afastado de acordo com aquela coisa de “regra social” ou seja lá qual for o nome dessa babaquice. Ela nem olhou na minha cara. Me distraio olhando para um lado e quando percebo, Aconchego já estava ganhando carinho da moça bonita. Ops, eu não disse que ela era bonita? Pois era linda. Cabelos grandes e sedosos loiros, seus olhos eram castanhos bem claros e eram cansados como se ela já tivesse visto muita coisa, ela se vestia de um modo como se não ligasse para o que iriam dizer. Não que ela seja relaxada, mas parecia ter um estilo próprio. Ela era linda. Agora eu me pergunto; “como uma garota dessas estava sentada do meu lado em pleno sábado de Outono, num frio daqueles, às 10:17 da manhã?”. Ta aí uma pergunta que eu não cogitei responder depois que percebi que ela tinha falado comigo. — Desculpe, o que disse? — Eu perguntei depois de ter percebido que eu não tinha ouvido uma palavra que ela tinha dito por estar indagando do por quê ela estava ali. “Seu cão, qual é a raça?” — ela sorriu e continuou acariciando Aconchego. ” É beagle, uma raça bem conhecida…” “Não conheço muito de cachorros, ele parece dócil, qual o nome?” “Aconchego” “Bem que você tem cara de solitário” — Ela sorriu e pudi perceber que olhou para mim. “Como?” — perguntei. “É, quer dizer, por que outro motivo você estaria às 10:20 da manhã de um sábado, nesse frio, passeando em um parque?” “Eu poderia te fazer a mesma pergunta” “Pois eu tenho meus motivos” — ela tirou um fone do ouvido. “O que está ouvindo?” — perguntei. “John Mayer” “Nossa, depois sou eu o solitário” “Ah pera aí, vai dizer que você não gosta de John Mayer?” —Ela deu uma pausa e continuou me encarando — “Sério? Nunca ouviu? I sleep with this new girl, I’m still getting used to my friends all approve, say “she’s gonna be good for you” they throw me high fives she says the Bible is all that she reads and prefers that I not use profanity your mouth was so dirty — Ela cantou baixinho me encarando esperando que eu reconhecesse a música. “Não, desculpe” — Já eram 10:50 e eu precisava voltar para casa, ainda não acreditava que eu tinha que deixa-la ali. — “Preciso ir pra casa, quem sabe, talvez eu baixe uma música desse tal.. John… John..” “MAYER” “é, isso aí. Nós passamos quase 40 minutos conversando, você me chamou de Solitário e praticamente criticou meu gosto musical, porém não me disse seu nome” — Ela sorriu, ah, ela sorriu… —”Hannah.. mas sabe, não como a Montana” “O-k Senhora Montana, prazer, meu nome é Davi, é, tão forte como o de Davi e Golias” — Ela continuou sorrindo — “Quem sabe a gente não se encontra de novo não é?” “Quem sabe…”

É… quem sabe.

Passaram 2, 3, 4 dias.
1 semana, 2 semanas, 3 semanas.
Cara aquela garota não me saía da cabeça. Todo sábado eu passava por aquela praça, esperando ver Hannah para contar que tinha me viciado naquele tal John Mayer. De repente me peguei com mais de 15 músicas dele no meu Ipod. O cara até que era bom. Mas não era por isso que eu ouvia. Não era pelo fato dele cantar bem ou pelas músicas serem lindas. Eram lindas. E me lembrava Hannah.
10:30 da manhã. Domingo. acordei antes do despertador. De novo. E como da ultima vez, resolvi fazer o que tinha feito antes. Peguei Aconchego e fui para o Parque. Não deu outra. Lá estava Hannah, dessa vez não ouvia música, estava com o cabelo preso, e lendo um livro.
“Diário de uma Paixão - Nicholas Sparks”
— Nossa, depois o solitário sou eu — Eu sorri. 
— E você é. — Ela disse sem tirar os olhos do livro. 
— Como sabia que era eu sem ao menos olhar? — “Aconchego pulando em cima de mim me deu uma dica” ela sorriu, e dessa vez olhou. “Boba. Posso sentar?” “claro”
— Andei ouvindo umas músicas daquele cara que você comentou.. O John.. John..— “MAYER, JOHN MAYER”— ela falou alto e riu como se achasse graça da minha estupidez
— é, isso mesmo. “our love was comfortable and so broken in…she’s perfect so flawless or so they say” — cantei para ela.
— Você canta mal — ela sorriu e me empurrou pelo ombro de leve
— Eu sendo todo romantico e tudo que você diz é que eu canto mal?
— É né.
— Sobre o que é esse livro que está lendo?
— Amor né.
— Provavelmente de um garoto que se apaixona por uma garota e vivem felizes para sempre né.— Eu ri de uma forma irônica
— Não, não é nada disso tá.
— Pois bem então, fique aí com o seu Diário de um amor ou seja lá o que for
— É DIÁRIO DE UMA PAIXÃO!!!! — ela riu enquanto eu me levantava — Não vai não, fica aqui.
— Fico se disser por que ouve John Mayer 
— Como assim? Eu ouço porque eu gosto, apenas. — ela desviou o olhar
— Ninguém ouve John Mayer por apenas ouvir. Ouve ou porque está apaixonado ou porque lembra um certo alguém — Droga, por que eu disse isso? Eu me entreguei e não percebi.
— Poderia te fazer a mesma pergunta.
— Ouvi por curiosidade
— OUVIU PORQUE LEMBRA DE MIM
— Deixa de bobeira
— Deixo se admitir que está apaixonado por mim
— Então vai ficar sendo boba pra sempre
— Isso significa que é apaixonado por mim e não vai dizer ou é um maluco que ouve músicas que estranhos indicam?
— Bom, com certeza normal eu não sou né. 
Eram quase 11:30 da manhã, ficamos um bom tempo conversando. Era inacreditável como ela pôde me conquistar. “Você aceita comer algo comigo?” — indaguei imaginando que ela fosse recusar — “Claro, vamos” — Ficamos a tarde toda conversando, descobri sua paixão por livros, seu bom gosto para música, seu amor por animais, o quanto é sozinha, sua mania de tirar a casca do pão, que sua banda favorita era green day e que tinha perdido a mãe quando tinha 11 anos.
” Como é que pode?” — eu ainda me pergunto. 3 semanas atrás John Mayer pra mim não existia e esse troço de amor a primeira vista era impossivel. Mas hoje, parecia até que a gente tava dentro de um desses livros do tal Nicholas Sparks ou nos versos das músicas do John Mayer. E por causa de uma garota, eu agora entendi tudo o que eles queriam dizer.






@behdenardi

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